terça-feira, 11 de agosto de 2009

Aparecida

Aparecida - LP - CID - 1975

01.Mareia Oxum;
02.Vovó Catarina;
03.Terreiro da Mãe Nazinha;
04.Talundê;
05.Tereza Aragão;
07.A Maria começa a beber;
08.Meu São Benedito;
09.Segredos do mar;
10.Inferno verde;
11.Se segura Zé;
12.Nanã Boroquê;

Maria Aparecida Martins, cantora, compositora... uma voz lendária na música brasileira e umbandista, injustiçada, infelizmente esquecida, e apesar de sua curta carreira, oscilante entre excelentes discos com músicas autorais e relançamentos explorados ao máximo pela gravadora foi um marco pela forma como penetrou na mídia das rádios brasileiras com os temas umbandistas, cantados num misto de samba e jongo, mas sempre com a alma da atmosfera e do imaginário de terreiro.

Ainda criança, interressou-se por música, aprendendo com os mais velhos da família os ritmos dos jongos e dos terreiros. Em 1949, a família mudou-se para o Rio de Janeiro. Por essa época, trabalhou como passadeira em casas de família no bairro de Vila Isabel. Em 1952, já compunha suas primeiras músicas. Pouco tempo depois, Salvador Batista a levou para o programa "A Voz do Morro", incluindo-a em seu grupo como passista, conjunto ao qual atuou por dez anos.

No início da década de 1960, foi convidada a participar do filme "Benito Sereno e o Navio Negreiro", por cuja atuação recebeu de prêmio uma viagem a França, onde se apresentou interpretando, pela primeira vez, suas próprias composições.

Em 1965, voltou ao Brasil e venceu o "Concurso de Música de Carnaval do IV Centenário da Cidade do Rio de Janeiro". Neste mesmo ano, foi também vencedora do "III Festival de Música de Favela", com o samba "Zumbi, Zumbi", representando a favela da Cafúa, de Coelho Neto.

No ano de 1968, compôs "A sonata das matas" para a Escola de Samba Caprichosos de Pilares.

É considerada, depois de Dona Ivone Lara, a segunda mulher a compor um samba-enredo vencedor dentro de uma escola de samba.

Em 1974, participou do LP "Roda de samba". No disco, lançado pela gravadora CID, que reunia Darci da Mangueira, Sidney da Conceição, Sabrina e Chico Bondade, entre outros, gravou pela primeira vez uma composição de sua autoria, "Boa-noite". Neste mesmo ano a gravadora CID lançou o LP "Roda de samba nº 2", no qual interpretou "Proteção" (David Lima e Pinga) e "Rosas para Iansã", de autoria de Josefina de Lima. No disco também participaram Nelson Cavaquinho, Sabrina, Roque do Plá, Rubens da Mangueira e Dida. N

No ano seguinte, também pela CID, lançou o LP "Aparecida", este que aqui apresentamos, no qual interpretou várias músicas suas, como "Talundê" (c/ Jair Paulo), "Tereza Aragão", que mais tarde se tornaria um clássico do samba-rock, "Meu São Benedito", "Inferno verde", "Nanã Boroquê", "Segredos do mar", as duas últimas em parceria com Jair Paulo, e ainda uma adaptação do folclore "A Maria começa a beber". O disco é sua estréia e como sempre, atirou para os dois lados possíveis dentro de sua formação: a inspiração na música secular e na música sacra. Venceu a segunda e mais tarde, em seus outros trabalhos se dedicaria exclusivamente a explorar os temas da música de terreiro.

Em 1976, gravou o LP "Foram 17 anos", lançado pela CID, no qual interpretou várias composições de sua autoria, entre elas "17 anos", "Grongoiô, propoiô" (c/ João R. Xavier e Mariozinho de Acari) e "Diongo, mundiongo".

Em 1977, lançou o disco "Grandes sucessos" (uma coletânea de seus sucessos desde o começo de sua carreira) e nos anos seguintes gravou pela RCA os LPs "Cantigas de fé" (1978), "Os deuses Afros (1978) (outra coletânea) e "13 de maio" (1979), no qual interpretou, além da canção título, "Aleluia Dom Miguel", "Mussy gatana", "Ceará" e "Indeuá matamba", todas de sua autoria.

No ano de 1996, a gravadora CID lançou em CD outra coletânea, "Aparecida, Samba, Afro, Axé", numa tentativa de vender sua imagem e sua temática na época em que estava em alta a música baiana. O mesmo disco seria mais uma vez relançado em 2000, como "O Samba de Aparecida".

Um comentário:

mineiro disse...

Pena que realmente essa grande intérprete ficou esquecida ao longo dos tempos, pois independente de convicção religiosa, o sambinha dela é de ótima qualidade.